quarta-feira, 16 de junho de 2010

A Interac�o Verbal.
O ve�culo da comunica�o � a linguagem que al�m de verbal, convoca outros canais: contacto f�sico, proximidade, postura de corpo, express�es faciais, movimento dos olhos e mesmo a apar�ncia (como se veste, como se barbeia, como se maquilha, etc.).
A produ�o verbal que corporiza a comunica�o obedece, al�m de �s regras gramaticais, ao princ�pio da adequa�o: saber quando falar ou n�o, sobre que falar, com quem falar, onde e de que modo falar, i. � � preciso juntar aos saberes lingu�sticos factores denominados pragm�ticos.
Componentes da interac�o verbal. S�o componentes da interac�o verbal:
� Os actores: o locutor (emissor ou destinador) e o alocut�rio (receptor ou destinat�rio) ou alocut�rios.
� O contexto da situa�o. A varia�o individual da l�ngua n�o ocorre somente devido �quilo que n�s somos, mas tamb�m de acordo com a situa�o em que nos encontramos. Este componente leva-nos a um outro conceito, o registo, que se detalha a seguir.
� O registo. As marcas do registo:
1. Campo. O aspecto particular da linguagem mais determinado pelo campo � o l�xico ou vocabul�rio. Um enunciado que use �bisturi... tesouras... pin�as� identificaria como campo a actividade de uma opera�o cir�rgica.
2. Conte�do. Enquanto que campo ser� aquilo sobre que � o texto, o conte�do corresponde � esp�cie de rela�o social desempenhada no e pelo texto. A no�o de conte�do caracteriza as escolhas lingu�sticas que s�o feitas: incluem-se as m�ximas conversacionais[1], as marcas da delicadeza, os graus de formalidade e os estatutos relativos entre os participantes.
3. Modo. A linguagem � tamb�m sens�vel aos meios adoptados para comunicar. A distin�o prim�ria � entre a fala e a escrita. Enquanto que a fala � um meio relativamente transit�rio e n�o permanente a escrita fornece um produto relativamente fixo e permanente. Tamb�m percebemos varia�es que se registam se a comunica�o � em contacto imediato, que pode ser em directo ou mediatizado, ou em contacto diferido, que � sempre mediatizado.
Factores institucionais. A linguagem � uma pr�tica social e como tal sujeita a regras. A compet�ncia comunicativa do sujeito falante convoca n�o s� saberes de ordem contextual e situacional mas tamb�m institucional que sancionam uma determinada actua�o. �A pr�tica lingu�stica, individual ou colectiva, est� sujeita a regras ou conven�es de natureza institucional que actuam fortemente sobre aquilo que � poss�vel fazer e, portanto, sobre aquilo que � poss�vel dizer.�[2] Todos temos consci�ncia da press�o institucional de uma sala de aulas, de um tribunal, de um interrogat�rio policial numa esquadra!
Fun�es sociais da linguagem. A l�ngua, que envolve aspectos pol�ticos, sociais, psicol�gicos e lingu�sticos, n�o pode dissociar-se do contexto social em que funciona. S�o marcas que se reflectem na linguagem:
� Os dialectos sociais ou sociolectos;
� O repert�rio verbal de cada um. O falante como sujeito social corresponde ao actor que representa um papel criando � sua volta expectativas que se identificam com o seu repert�rio verbal. (Esperamos que um estudante universit�rio tenha um determinado repert�rio verbal que legitima a sua produ�o verbal qualquer que ela seja)
� O trabalho qualificado. De acordo com Malinowski a fala � um modo de ac�o e um instrumento de reflex�o. Por outro lado a fala, a sua produ�o, representa um trabalho qualificado. Mas tal como a fala tamb�m outros aspectos da interac�o social se caracterizam pela sua natureza de trabalho qualificado. Facilmente se aceita que algumas pessoas se desempenhem particularmente bem numa situa�o de comunica�o, ou interac�o verbal, em resultado de terem aprendido capacidades adequadas a esse fim (um entrevistador por exemplo).
Podemos dizer que a sociedade controla a nossa fala de dois modos:
1. Fornecendo um conjunto de normas que aprendemos a seguir;
2. Fornecendo a motiva�o para aderir a essas normas e para que nos esforcemos na nossa actividade de falantes.
Interac�o conversacional. Para al�m do conte�do que a motiva, a interac�o conversacional desenvolve-se segundo regras que se reconhecem e se aceitam implicitamente:
� As tomadas de vez � um cala-se quando o outro fala.
� Os pontos de acabamento � (�pronto!�, �� isto!�, �tenho dito!�).
Mas os falantes podem mostrar desejos de falar, enquanto o outro fala, por sinais sonoros curtos, por movimentos do corpo, por gestos, por express�es faciais, de qualquer modo reconhecem a exist�ncia de estrat�gias � invasoras ou n�o � e usam-nas, adequadamente.
De facto o discurso conversacional � muito rico em estrat�gias diversas que se usam n�o s� para tomar a vez mas para regular as pausas sem que se a perca ou mesmo para superar os pontos de acabamento que conjuntamente com as pausas s�o as indica�es impl�citas ao outro de que pode falar. Muito comum � o uso de bord�es[3] que permitem a coloca�o repetida de um conector que preenche a pausa evitando a perda de vez.
Fala e identidade social. A fala distingue as rela�es de poder e de solidariedade entre os falantes em interac�o verbal (ex. O uso de �tu�, �voc�, �sr.�, �sr. Dr.�, etc, tamb�m os diminutivos denotam um c�digo mais ou menos prestigiante).
Finalmente podemos dizer que a linguagem denota a desigualdade social. De facto, constatamos que alguns falantes s�o considerados mais que outros, apenas porque falam de maneira �certa�.
Linguagem e desigualdade social. Segundo Hudson (1980: 193)[4] podemos falar de tr�s tipos de desiguladade lingu�stica:
� Desigualdade subjectiva � O que cada um pensa sobre o modo como o outro fala.
� Desigualdade estritamente lingu�stica � Revelada pelos itens lingu�sticos que cada um actualiza de acordo com o seu saber, a sua experi�ncia � revela-se pelo vocabul�rio e tipos de constru�o (normalmente marcado profissionalmente).
� Desigualdade comunicativa � Revela-se pelo diferenciado saber e capacidade na interac�o com o outro.
[1] Grice (1975: 1989) descreve as chamadas m�ximas conversacionais a partir de quatro categorias principais: M�ximas de quantidade: 1) Torna a tua contribui�o t�o informativa quanto � requerido (para o presente prop�sito da interac�o verbal); 2) N�o tornes a tua contribui�o mais informativa do que � requerido. M�ximas de qualidade: Tenta fazer com que a tua contribui�o seja verdadeira: 1) n�o digas o que cr�s ser falso; 2) N�o digas aquilo para que n�o tens provas adequadas. M�xima de rela�o: S� relevante. M�ximas de modo: S� persp�cuo: 1) Evita obscuridade de express�o; 2) Evita ambiguidades; 3) S� breve (evita prolixidade); 4) S� met�dico.
[2] Cf. Em�lia Pedro, �Interac�o Verbal�, in Introdu�o � Lingu�stica Geral e Portuguesa, Lisboa, Caminho, 1996, p. 460.
[3] Um bord�o muito comum � �n�o �?�.
[4] Cf R. A. Hudson, Sociolinguistics, Cambridge, C. University Press, 1980. Hudson estudou a linguagem em contexto, focando as rela�es entre a linguagem e a sociedade.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Boa noite a todos.
Este blog está aberto a toda a comunidade académica e especialmente aos estudantes do 1º Ano de Economia e Gestão Nocturno da UniPiaget.
Pretende-se alargar o espaço da sala de aulas de modo a que questões do uso da Língua Portuguesa continuem a ser analisadas por toda a comunidade.
Deste modo convido todos os interessados a frequentarem este blog que será alimentado pelas postagens de cada um.
um abraço